Quando ouvimos essa frase: “navegar é preciso, viver não é preciso” entendemos o preciso como necessidade. Em que navegar é algo necessário e que devemos dar a vida a isso.

Sempre entendi essa frase com outro significado. Mais no sentido de precisão matemática.

Sendo assim, o ato de navegar pode ser determinado em suas variáveis, rota, duração, características da embarcação, etc. Já o ato de viver, esse é algo volátil. Não pode ser controlado, dessa forma, não tem precisão aritmética.

Essa é a beleza da vida. Podemos ajustar a nossa rota conforme as cartas que recebemos em cada fase.

Precisamos ter uma ideia de onde queremos chegar. Termos objetivos. No entanto, precisamos ser maleáveis o suficiente para entender as mudanças do vento e ajustar a vela para continuar no rumo certo.

Tudo bem se em algum momento, nessas águas incertas e inexploradas, encontrarmos mapas que nos despertem a vontade de mudar de caminho. Desde que o façamos com o coração, tudo dará certo.

Não tem idade certa para mudar de profissão, de estilo de roupa, musica, cabelo, relacionamentos.

Quando olhamos dentro dos significados das dores e distúrbios físicos ou psíquicos, entendemos que nosso corpo nos fala o que está errado. Qual alerta está tocando.

Precisamos estar atentos ao nosso interior para conseguir perceber esses alertas sonoros e navegar de maneira mais saudável.

Se não nos permitirmos essa flexibilidade na vida, podemos desenvolver sintomas como dores lombares, artroses de quadril, ciatalgias, artrites, hernias de disco, entre outros.

Como se o nosso “rebolado” não estivesse sendo usado. As articulações endurecem com nossos medos e receios. Os passos travam na parte emocional e física.

Temos medo de dar o passo seguinte, muitas vezes com receio de não agradar ao outro ou mesmo de não dar conta da mudança.

Se olharmos para a evolução da vida, vamos perceber que muitas vezes, as maiores realizações vieram após a zona de conforto.

Mudar faz parte da natureza. Não somente da natureza humana, mas da criação como um todo.

Para termos uma árvore frondosa, sua semente precisou primeiro aceitar cair no solo, morrer e então germinar. Teve que aceitar o tempo da espera da maturação e crescimento para então florescer.

Na vida, os processos se repetem. Precisamos aceitar as mortes e ciclos de encerramento, o tempo de espera e rega, para só então conseguirmos colher.

Muitas vezes queremos acelerar os processos, dando lugar a nossa ansiedade. Com isso, perdemos a beleza oculta dos detalhes.

Acredito que Deus prepara cada situação para que consigamos aprender com elas. Para lapidar e podar as arestas necessárias, permitindo que os frutos que venham sejam de maior e melhor qualidade.

Entender e aceitar os ciclos da vida, percebendo que a precisão matemática é limitada neste campo, ajuda a diminuir as frustrações.

E como temos visto pessoas cheias de frustrações que elas mesmas se impõem!

Costumo falar em consultório que a felicidade não deve ser depositada no outro. Se acharmos que somente ele pode ser o fornecedor quando isso ou aquilo acontecer, estamos fadados ao fracasso.

Todos somos falhos. O que eu posso entregar, nem sempre é o que o outro espera. Por isso nosso diálogo deve ser o mais claro possível.

Quando não esperamos nada, ou seja, quando alinhamos a expectativa com a realidade, o que acontece fora disso nos surpreende positivamente.

Quando nos amamos, nos aceitamos e nos permitimos ter corações e mentes ensináveis, a vida fica mais leve e o caminho mais agradável.

Navegar é preciso. Podemos usar essa precisão para afiar nossas ferramentas. Treinar equipes. Ensaiar a dança do preparo da embarcação.

Viver não é preciso. Devemos aceitar as mudanças do vento e ajustar as velas conforme isso acontece. Aproveitar a vista e curtir com os que nos são preciosos.

Cuide da sua embarcação, seu corpo, mente e espírito. Faça as manutenções preventivas para não ser pego de surpresa em alguma tormenta em alto mar.

Sua saúde em dia permite que a sua vida seja melhor aproveitada.

Curta os momentos em família, estando em família. Deixe as coisas do trabalho no trabalho.

Quando focamos nossa atenção para o que acontece no momento presente, conseguimos ser muito mais produtivos, sem perder as nuances que acontecem.

Aprecie as cores, cheiros, risadas e tudo mais o que há para ser apreciado.

Quando chegamos no último porto da nossa vida, o que mais nos arrependemos são das coisas não aproveitadas, jamais dos erros que tivemos. Pois com o erro, vem o aprendizado.

Que sua jornada seja leve e repleta de memórias preciosas.

Cuide dos tesouros que a vida te dá. O restante, é ajuste de rota!

 

 

Até breve!