Só de falar em Inverno já pensamos na hibernação dos bichinhos e em como gostamos de ficar em nosso ninho, quentinhos.

Essa necessidade de aquietar o corpo para economizar energia me fascina!

Entender como nosso corpo funciona em suas mais variadas fases, seja em mudança de estação, seja nas fases da própria maturação do corpo, nos permite entender o porque das coisas.

Sendo assim, abre-se um leque de opções para a nossa prevenção e aumento da nossa qualidade de vida. Porque não da nossa resiliência e envelhecimento saudável.

Respeitar os sinais de alerta que nosso corpo dá é sabedoria milenar e deve ser honrado. Passado de geração em geração.

Os chineses e orientais como um todo sempre estiveram muito a frente do restante de nós pela paciência e tranquilidade em observar a natureza, seus ciclos e suas influências em nosso organismo.

Basta olhar para os movimentos fluidos do Tai Chi, Chi Kung ou artes marciais.

Sua flexibilidade perante a vida, entendendo a união dos opostos e o equilíbrio dinâmico em que nos apoiamos faz deles exemplos a serem seguidos.

Entender que nossa flexibilidade emocional durante um exercício impacta diretamente na nossa resiliência emocional no dia a dia, faz toda a diferença.

Em dias mais frios como o que vivemos no inverno, essa maleabilidade se faz necessária.

Nessa época, o órgão que sofre mais é o Rim.

Ele é responsável por abrigar nossa chama da vida, nossa essência. Sendo a raiz das transformações e amadurecimento do nosso corpo.

Cuida dos nossos ossos e espessura dos cabelos (assim como o aparecimento dos tão temidos fios brancos). Dessa forma, é relacionado à saúde da nossa coluna e articulações.

Na parte emocional, está relacionado com o medo, incluindo ansiedade e choques.

Atribui-se ao medo intenso, principalmente com ligação à família, o aparecimento de alguns problemas ósseos.

Uma coisa interessante é que a Medicina Tradicional Chinesa já alertava para o excesso de trabalho ligado a qualidade de vida e aparecimento de doenças.

Aqui no caso, mais ligadas a alterações no Rim. Podendo ser tanto físico quanto mental.

No ocidente, demoramos para associar o trabalho mental excessivo como correlacionado a desgastes da nossa saúde.

Vou destacar um trecho do nosso “livro de cabeceira da acupuntura” chamado Os Fundamentos da Medicina Chinesa, de Giovanni Maciocia, por ser fantástica sua descrição.

“Trabalhar toda a vida sob condições de stress, ausência de relaxamento, longas horas de trabalho, refeições apressadas, alimentar-se em horários irregulares, alimentar-se tarde da noite, discutir sobre negócios na hora das refeições, atividade mental excessiva em desarmonia com exercício físico, são fatores que combinam para afetar as energias Yin, porque nunca se fornece ao corpo uma oportunidade de se recuperar”.

Aqui, gostaria de explicar para quem não está habituado aos termos Yin e Yang. Estes podem ser definidos de maneira simples como reserva de energia (alimento) e função dos órgãos, respectivamente.

Quando não temos um sono reparador e pausas ao longo do nosso dia, acabamos não repondo nossas reservas. Com isso, precisamos fazer “saques” da nossa energia vital. Aquela “vela da vida” que nos diz quanto viveremos.

Depois disso, entendemos porque os orientais olham tanto para esse equilíbrio entre homem e natureza. Entendem que as pausas são necessárias e que o movimento também.

Gosto mais da palavra harmonia do que equilíbrio propriamente dito.

Isso porque seria utópico demais pensar que conseguiríamos a mesma quantidade de horas dedicadas a trabalho, lazer e todas as demais áreas de nossa vida.

A harmonia dá a entender que essas áreas se entrosam de forma fluida, natural e que esse vínculo é saudável.

Sendo assim, prefiro buscar por harmonia e qualidade de vida.

No inverno, entendemos que nosso metabolismo diminui naturalmente. Que nosso sangue tende a ir mais para o centro do corpo a fim de esquentar os órgãos vitais.

Dessa maneira, usar roupas adequadas para nos manter aquecidos e cuidar da nossa alimentação com comidas mais quentes e de maior qualidade calórica se faz uma necessidade.

Normalmente nessa época do ano, aparecem com maior frequência no consultório pessoas com crises articulares por artrites e artroses, dores de coluna e quadril, assim como tensões musculares do tipo torcicolo.

O frio invade nosso corpo, fazendo com que ele se contraia de forma constante. Entramos em um ciclo vicioso de dor-tensão-dor, no qual o fluxo de sangue fica reduzido pela contração e com isso a oxigenação do tecido fica prejudicada.

Por isso os torcicolos são mais frequentes.

No lado emocional, o nosso jogo de cintura frente as mudanças da vida se reflete em nossos ossos.

Já ouviu dizer que “árvore que se dobra na tempestade não quebra e não cai”? Mais uma vez a natureza nos ensina como viver a vida e ser feliz com isso.

Quando entendemos que as mudanças são inevitáveis. Que as pessoas têm criações e idéias diferentes das nossas. E que nem por isso o mundo é cinza e ruim, nossa vida fica bem mais leve.

Deixamos de complicar tanto nossa existência.

O hábito da gratidão faz mudanças incríveis em nosso organismo. Muda-nos a nível celular.

Dar o verdadeiro peso às coisas e não fazer tempestades em copo d’água faz com que nosso Rim trabalhe mais harmonicamente e nossos medos maiores de dissipam.

Tomamos novamente as rédeas da nossa vida e conseguimos viver de forma plena. Aproveitando cada flor em nosso caminho e agradecendo pelas dificuldades.

Afinal, sem elas, não teríamos ficado mais fortes para enfrentar nossos próximos desafios.

A vida é bela e muito curta. Aprenda a afrouxar um pouco o cinto e viver conforme a música.

Nem toda mudança de direção é negativa. Vai que encontra um oásis onde pensou haver somente dunas de areias?

 

Cuide da sua vida e ela te dará muitos frutos!

 

 

 

Até breve!