Muitas vezes chegam em meu consultório pessoas falando que sofrem de ansiedade e se perguntam “será que tenho mesmo isso?”.

Como é um assunto muito pedido, vou trabalhar aqui uma série sobre a ansiedade. Esclarecer mais o que de fato é, se é patológico ou natural do ser humano. Se tem tratamento e como fazer para que seus sintomas não apareçam mais.

Existe uma infinidade de artigos, livros, vídeos e técnicas para trabalhar esse mau do século. E não é para menos. Nunca se ouviu falar tanto sobre pessoas sofrendo com sintomas dos mais diversos, angustiados por antecipação, mesmo sendo muito jovens.

Para nossa surpresa, o Brasil hoje se encontra, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), na posição de país com maior índice de transtornos de ansiedade do mundo! Esse quadro pode estar associado às questões politicas e sociais que estamos presenciando. O estilo de vida em cidades grandes, onde o medo de ser assaltado está constantemente presente, e o risco de desemprego, afetam nosso sono. Esses podem ser o primeiro gatilho para essa carga emocional aumentada.

Quando vamos a fundo, entendemos que a ansiedade é, por definição, um estado de medo e apreensão provocados pela antecipação de situações desagradáveis que podem ou não acontecer. Isso gera agitação e angústia, impedindo a pessoa de ter sossego.

Sintomas mais frequentes:

  • nó ou vazio no estômago,
  • taquicardia,
  • medo intenso,
  • aperto no peito,
  • falta de ar,
  • transpiração aumentada,
  • dores de cabeça,
  • distúrbios intestinais,
  • insônia,
  • fadiga intensa,
  • desmaios,
  • boca seca,
  • depressão.

 

Muitos desses sintomas podem ser associados aos efeitos do stress no organismo. Tanto um quanto o outro podem ser considerados uma reação natural quando nos encontramos em situações que chamamos de luta-fuga.

 

Luta ou Fuga?

Gosto de explicar essa reação de luta ou fuga com uma história. Imagine que você está na época das cavernas e que precisa sair para caçar seu alimento. Suprir as necessidades de sua família. No meio do caminho, você se depara com um mamute. Desses enormes.

Você, num primeiro momento, paralisa e fica analisando a situação. Começa, de forma instintiva, a analisar seu tamanho, habilidade com lança e sua força. Depois compara com o tamanho, velocidade e força daquela “fera”. Se acha que consegue ter chance de ganhar, você luta. Se não, “perna para que te quero”, você foge. Luta ou Fuga.

Para isso, seu cérebro manda mais sangue para seus músculos, dilata suas pupilas, aumenta o batimento cardíaco e “libera o peso extra” do intestino. Tanto na luta quanto na fuga, você precisa estar mais atento (pupilas dilatadas), com mais sangue circulante (taquicardia) e musculatura melhor nutrida (sangue nos músculos).

 

Instinto na Atualidade?

O problema dos dias atuais é que, como já disse em outro post, nosso cérebro é generalista. Ele não sabe se estamos enfrentando um mamute ou se somente precisamos apresentar um trabalho para o chefe ou professor. Ele vai reagir com tudo isso junto, todas as vezes.

A reação de instinto pode ser considerada fisiológica, pois nos tira da zona de conforto. Nos impulsiona para a resolução das mais diversas situações. O problema está em passar por isso constantemente. Essa constância de stress acaba alterando nossos hormônios, principalmente o cortisol. Faz com que tenhamos, por exemplo, maiores índices de insônia, irritabilidade e mesmo, aumento de peso.

O tratamento para essas crises de ansiedade seriam em duas linhas:

  • Conservadora – psicoterapia, hipinose, acupuntura, nas quais observamos os momentos gatilho e trabalhamos a causa raiz.
  • Medicamentosa – ansiolíticos e antidepressivos para estabilizar o quadro da pessoa.

Tanto um quanto o outro são necessários. O importante é a pessoa querer de fato ser ajudada e perceber que está com essa alteração.

Normalmente as mulheres entre 30 e 59 anos são as mais afetadas. Isso por possuírem dupla ou tripla jornadas de trabalho. Alto nível de cobranças, tanto delas mesmas quanto da sociedade.

 

No próximo post vou abordar mais sobre a importância da administração do tempo e da agenda. Assim como os reflexos na saúde, principalmente da mulher moderna.

 

 

Até breve!